You (Você): Um suspense real

Gostaria muito de fazer uma simples resenha desta série, mas senti necessidade de falar mais sobre ela, já que ela está dando o que falar. Para quem já assistiu, aqui está minha humilde análise. Para quem não assistiu, teremos spoilers.

Logo de cara, nos três primeiros episódios, lá estava eu criticando e odiando Guinevere Beck (Elisabeth Lail). E por que será? Será por que me identifiquei bastante? Sim, exatamente por isso.

Beck, ao meu ver, é uma personagem muito bem explorada, psicologicamente falando. Por isso, conforme assistia, minha opinião sobre ela mudava, e muito.

Beck é vítima, o tipo de vítima que você esbarra por aí diariamente e pode nem saber. Vamos analisar: Possui problemas com o pai, problemas que afetam diretamente suas escolhas por companheiros. Sim, isso pode parecer estranho, mas muitas pessoas que possuem problemas paternos acabam, inconscientemente, levando isso adiante em seus relacionamentos. Na série, quando Beck era criança, seu pai era viciado. Não é de se admirar que, no início da série, seu namorado era um viciado também. Atraímos o tipo de pessoa a qual gostaríamos de mudar. Devido ao vício, seu pai acabou abandonando a família, o que gerou diversos traumas e medos em Beck; como por exemplo, o fato de nunca saber como agir com caras legais, já que em sua cabeça, ela não era merecedora. Nem o próprio pai a quis.

Não estou aqui para falar de psicologia, mas ao ver diversos comentários negativos sobre Beck, do tipo: "Ela é burra, cega", "Faz tudo errado, escolhe as pessoas erradas", "Essa garota não tem responsabilidade", e muitos outros, tomei liberdade de vir aqui falar um pouco sobre os vários "porquês" de ela se tornar alguém assim. Se colocar no lugar ajuda a entender um pouco o funcionamento das pessoas, não generalizando, claro, já que cada um lida com seus problemas de forma diferente.

Bem, ao iniciar a série, já sabemos que as coisas não irão melhorar para Beck, afinal de contas, temos consciência do que se trata a história. Convenhamos, com todo esse histórico, mais uma amiga completamente abusiva, Peach Salinger (Shay Mitchell), tudo que ela menos precisava era de um namorado psicopata.

Pouco sabemos sobre Joe Goldberg (Penn Badgley), mas esse pouco já nos dá uma pequena ideia de como ele se tornou aquilo que não devemos romantizar. Joe parece sim ser o príncipe dos sonhos de qualquer princesa. O cara educado, romântico, inteligente, porém obsessivo ao extremo. Daqueles que faz qualquer coisa por quem ama. E não, isso não é bom. É doentio. Os crimes cometidos por uma pessoa, não deixam de ser crimes ao serem cometidos em nome do amor. Certo? Certo. Não deixam de ser crimes ao serem cometidos por uma pessoa que teve grandes traumas na vida e ganhou de brinde alguns distúrbios.

O tempo todo vemos Joe tentando se proteger e ao mesmo tempo criando desculpas para comportamentos violentos, e, ao cometer qualquer crime, nunca se responsabiliza. Ainda que saiba agir perante as pessoas, saiba socializar, ele é sempre egoísta e só pensa em si. Notamos isso ao ver Beck sofrendo e Joe super tranquilo e frio, quando não está reclamando e arrumando formas de chamar a atenção (e isso nos lembra de quem mais? Ela mesma, Peach!).

Por favor, não romantizem caras como o Joe, não digam que é lindo o amor que ele nutre pela Beck, que o fato de ele fazer qualquer coisa por ela é incrível. Ele perde muito da humanidade dele ao fazer isso. E bem, será que era amor mesmo? Analisando a série até o final, as quais conclusões chegaram? E digo mais, sentir pena da Peach é normal, mas não se deixem levar. Não falarei sobre ela, mas não é muito diferente do Joe. Completamente abusiva, manipuladora, egoísta e também obsessiva.

Por hoje é só, galerinha. Deixem nos comentários o que acharam da série, dos personagens e, principalmente, do final. Eu fiquei sem chão.